quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O Bicho

Bom, pra início de conversa, eu ainda não estudei pra coisa nenhuma. Disse que 'amanhã' eu estudaria, mas esse amanhã já virou depois de amanhã e pelo o que eu tô vendo, vai demorar virar realidade.

Hoje acordei revoltada. É, revoltadíssima! Acordei com a sensação de ter sido esquecida no mundo. Aquela vontade devastadora e apertada de chorar quis perturbar o meu dia, mas felizmente eu fui mais forte que a tal vontade. O motivo pela minha chateação não se define e nesse caso é irrelevante, uma vez que o meu propósito nessa postagem vai muito além disso [chega de tanto individualismo, isso aqui tá parecendo mais um diário do que um blog].
Já havia postado sobre o filme 'Tropa de Elite 2', aliás, postagem ridícula, uma vez que a minha intenção era criticar, dialogar com o filme e infelizmente aquilo lá ficou mais pra resenha. Hoje tive a oportunidade de assisti-lo mais uma vez. E só assim meu dia começou...

Assisti ao Tropa, dessa vez acompanhada da ilustríssima presença dos meus pais. Tive um olhar diferente e muito mais criterioso em relação ao filme. Meu pai, um homem de poucas palavras, não demonstrou muita empolgação, mas no fundo eu sei que ele se surpreendeu. Minha mãe, foi impedida inúmeras vezes de assistir certas cenas do filme, por julgá-las fortes demais para a sua sensibilidade, mas gostou e ficou se questionando.

Poucas horas atrás tive a felicíssima oportunidade de assistir a outro filme. O nome do filme? Última parada 174. Chocante, surpreendente [as pessoas que lêem meu blog devem estar se perguntando porque eu não mudo o nome 'Controvérsias' para 'Surpreendente', já que essa é uma palavra que eu utilizo pelo o menos umas 10 vezes em cada postagem]. Mas insisto em dizer que o filme é mesmo muito surpreendente. Baseado em fatos reais, mostra a realidade nua e crua de um garoto abandonado pelas circunstanciais, sem perspectiva, sem futuro. Aliás, com um grande futuro... Rotulado por qualquer pessoa que o visse jogado nas ruas do Rio de Janeiro. Negro, pobre, mal vestido? Bandido é claro!

Não vou enfatizar a sinopse do filme nem abordar nada que esteja relacionado à história em que o filme foi baseado. Quero dizer que cada dia mais eu respiro a vontade de mudar essa realidade brusca e nojenta que vivemos. Já que a realidade das ruas e favelas está distante de mim, os filmes são meu instrumento de chegada até essa imundice que existe no nosso país.

E assim, eu termino essa postagem com uma poesia, que tem muita importância na minha vida por ter sido a primeira de tantas que eu já decorei pra declamar. Sou grata a minha mãe que me apresentou à linguagem do Manuel Bandeira, e que talvez tenha contribuído com a minha sede de mudança.

O Bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

[Manuel Bandeira]


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