sábado, 16 de outubro de 2010

Agora o bicho vai pegar!

É estranho começar a leitura de um texto que se intitula: "Agora o bicho vai pegar!". Mas não, não há nada de errado com o título. É, vou falar do 'osso duro de roer', onde a coisa funciona no 'pega um pega geral e também vai pegar você'.
Tropa de Elite: para uns, uma vergonha para a sociedade brasileira, para outros, orgulho. É nesse misto de revolta, vergonha e orgulho, que um dos filmes mais assistidos pelo público brasileiro volta aos cinemas de todo o país na sua segunda edição. A promessa é que o filme seja palco de milhões de espectadores que o assistam e se emocionem.
Para mim, Tropa de Elite realmente é um filme espetacular. Não há como criticar um dos filmes brasileiros que mais retratou a realidade das nossas polícias e penitenciárias com tanta frieza, dureza e relismo. Não há como censurar um filme que deveria ser assistido por cada um dos indivíduos verde e amarelo que compõe o cenário dessa nação. Na verdade, eu acho que essa é uma obra cinematográfica que seria indispensável de se utilizar no ensino das escolas de todo o Brasil, para que principalmente os adolescentes assistam e reconheçam a realidade que infelizmente existe no nosso meio.
Eu, como estudante do curso de Direito tenho a obrigação de assistir ao Tropa, com outros olhos. E realmente, digo com toda a sinceridade, que é uma felicidade enorme pra mim, ver uma realidade nua e crua e notar que não só a gente, magistrados, juristas ou defensores da sociedade, reconhecemos que o Brasil precisa mudar! Uma obra desse nível, não é algo de simplesmente assistir. É necessário assisitir, revoltar-se, agir, consumir a sede de mudança, enjoar-se dessa massa de autoritarismo, corrupção e interesses próprios, é fundamentalmente necessário ainda oprimir, condenar e vestir a camisa das causas sociais como forma de mudança! Eu assisti aos dois Tropa de Elite. Me impressionei, emocionei, intriguei, revoltei. E agora? Quero profundamente agir! Necessito fazer algo que mude a situação que vi no filme. Não é por que o filme retrata a realidade carioca que não me sinto na obrigação de fazer algo. Não, não e não! A realidade carioca é a minha realidade, é a realidade nordestina, a nortista, a sulista, enfim, é a nossa realidade! É aquilo que define o país lá fora, no exterior. É dessa forma que os estrangeiros nos vêem e fazem de nós brasileiros uma imagem destorcida e aterrorizante!
É nesse país que você quer morar? É dessa situação que você se orgulha?
Eu não!
É, agora o bicho vai pegar. Lute, revolte-se, interesse pelas causas que são nossas! Combata dia a dia com garra e perseverança todos os 'bichos-papões' que caracterizam a nossa sociedade. Elimine o tráfico do seu bairro, não contribua com ele. Denuncie todo tipo de corrupção, suborno ou autoritarismo que você tenha sofrido. DEFINITIVAMENTE, deixe o bicho da revolta contaminar você! O Brasil, clama por mudança!


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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A falta

Veja bem meu bem, sinto te informar que arranjei alguém pra me confortar. Este alguém está quando você sai e eu só posso crer, pois sem ter você nestes braços tais. Veja bem amor, onde está você? Somos no papel, mas não no viver. Viajar sem mim, me deixar assim. Tive que arranjar alguém pra passar os dias ruins. Enquanto isso, navegando vou sem paz. Sem ter um porto, quase morto sem um cais. E eu nunca vou te esquecer amor, mas a solidão deixa o coração nesse leva e traz. Veja bem além destes fatos vis. Saiba, traições são bem mais sutis. Se eu te troquei não foi por maldade. Amor, veja bem, arranjei alguém chamado SAUDADE.
[Veja bem - Los Hermanos]

Algumas vezes nos deparamos com o que pra mim é o maior incômodo do ser humano. Considero o maior incômodo, simplesmente por que realmente incomoda muito. Nos deixa abatidos, sem ânimo, descrentes, chateados, entristecidos, emburrecidos, inanimados, apáticos, sem graça, entediados, mortos... Estou falando da 'falta'. A falta de alguém, de um cachorro de estimação, de um objeto querido, de um lugar, de um momento, de uma casa, de uma festa, de uma bagunça, um amigo, dos pais quando se mora longe, da cidade natal, da viagem feita há anos... O vazio inexplicável que a falta de algo nos faz atormenta e desorienta. É como se nada no mundo fosse capaz de substituir o vazio que se sente. Às vezes essa dor chega tão violenta que machuca e destrói os seres humanos. O mundo se torna vazio, as pessoas tornam-se vazias, o entreterimento então, nesse momento ele existe? Aos olhos da saudade, o mundo é tão pequeno. É como se nenhum lugar do mundo coubesse tanta dor e no entanto, tanta vontade de suprir a falta de alguma maneira. É uma mistura de medo, insegurança e esperança do reencontro. É a soma do vazio do presente e das boas lembranças do passado. É a junção desagradável daquilo que queremos e não podemos. É o complexo de desesperadamente realizar o que se deseja, mas ser atropelado pelo tempo que passa e parece que pára.

É assim que me sinto quando tenho falta. E sempre me falta... Esse misto de agonia e desatino devastam minha existência quando sinto falta de algo que desejo. E o pior é que pra que se sinta a falta é necessário conhecer primeiro aquilo que no presente desperta saudade. Ninguém sente falta do que não viveu. E o que se vive, o tempo devora, tornando-se apenas passado. E é por isso que é tão terrível ser vitima do saudosismo.

Não seja a falta de alguém, não seja o desejo insaciável de ser revivido por alguém. Não torture o corpo que já se alimentou de seus sentimentos bons e hoje clama por sua presença e chora por sua falta. Sinta saudade, muita saudade. Sinta falta, muita falta. Implore pela vida ou por algo que já experimentou, mas erre e aprenda! Sacrifique-se, lute e vá em busca daquilo que te consome, traga a falta pra você e transforme-a na real felicidade. E tenha para si uma vida proveitosa, vivida!